terça-feira, 28 de outubro de 2008

Guerra e Paz

Estou lendo Guerra e Paz de Tolstói. É um clássico, o detalhe é que só comprei porque vêm em 4 volumes numa caixinha bacana...

O livro retrata a sociedade russa durante a invasão da Rússia por Napoleão. Entre outros temas, são narradas batalhas envolvendo mais de 100 mil homens de cada lado.

Dá-se especial atenção a como se formam, se desenvolvem, e que resultado tem as batalhas. Fala-se dos principais líderes desse conflito, no caso Napoleão de um lado e mais pro final um general russo, Kuzutov. Também fala-se muito dos homens que compõem o exército.

Bem, a conclusão do livro é que o resultado das batalhas depende quase nada dos generais, das estratégias empregadas, do número de homens de cada lado.

São 200 mil homens tomando decisões individuais, que em seu conjunto definirá o vencedor. É impossível a qualquer general coordenar o que 100 mil irão fazer, muito menos depois que a batalha se inicia, e cada indivíduo se encontra no meio de um tiroteio.

Num momento de perigo, que irá ele fazer? Fugir? Lutar? Se esconder? Fazer o que seus companheiros fizerem? Ou todas as anteriores, dependendo do dia, da hora, ou da carta que recebeu da família no dia anterior?

O principal fator é o "moral das tropas". Isso é o que defende o autor. Que os grandes movimentos são formados por essas pequenas decisões de cada um, e são totalmente imprevisíveis, que são essas "disposições internas" de cada um, somadas que leva ao resultado final.

E que qualquer General Em Chefe, comandante supremo das forças, não pode dirigir nada. De todas as milhares de informações e sugestões que recebe, nada mais pode fazer que aprovar os movimentos que considera oportunos, e desaprovar aqueles que considera prejudiciais, e aceitar o curso dos acontecimentos, sejam eles quais forem.

Parece fazer todo o sentido, e faço uma analogia com a crise mundial que vivemos agora. Tenho acompanhado de perto, e é impressionante como ninguém tem a menor idéia do que vai acontecer, e as reações são as mais variadas...

Será que isso só vai parar quando um movimento de "disposições internas" de muitas pessoas ao redor do mundo decida que deve parar? Não conscientemente, mas simplesmente porque não há outra opção, a vida precisa continuar, e se a bolsa caiu, você ainda precisa comer, se vestir, e se divertir.

"A inércia é invencível"....

3 comentários:

Homem Oco disse...

putz, gostei muito da parte cultural do post mas não curti a parte crítica. Acho que a maioria esmagadora não sabe nem o que tá acontecendo quanto mais se preocupar! Acho que a sua visão é a visão de quem tem interesse direto (dinheiro aplicado ou negócios com o exterior). A minha impressão é que 95% não faz a menor idéia de que o tiozinho do alabama não pagou sua hipoteca e os bancos que financiaram as construtoras e investiram em derivativos quebraram. Mas talvez seja melhor assim (voltando para a parte cultural do seu post...)

É sempre bom saber que estou cercado de pessoas que lêem Tolstói e não são o diogo...

Anônimo disse...

Eu também gosto do Tostão. Dele e do Rivelino!

A sério agora, as pessoas vão começar a entender quando o financiamento pra comprar carro e AP ficar caro denovo. Quando ficar impagável.

E eu acho que não demora muito.

Homem Enxaqueca disse...

acho que o exemplo da bolsa talvez nao seja o melhor mesmo, poucas pessoas sabem o que é mas mesmo assim de alguma forma eu acredito que o exemplo mostra que o consumo desenfreado e essa nossa paranóia de ter e comprar tudo tem que parar e são com as pequenas decisoes individuais que isso acontece e nao com as decisoes do FED ou do Meirelles