terça-feira, 21 de setembro de 2010

Resposta a Falhamos Miseravelmente

Eu comecei a escrever um comentario no post anterior e percebi que tinha muita coisa a acrescentar no texto. Alguns pontos eu concordo - na verdade eu concordo com 97% do que foi escrito - e alguns pontos eu discordo. Então pensei "vou fazer como aqueles compositores cariocas do seculo passado - tipo Noel Rosa - que escreviam musicas uns pros outros, uns respondendo para os outros". Portanto se você não:

1) é o Masamune
2) leu o texto anterior

sugira que leia o texto anterior antes deste.

Como já disse anteriormente, eu concordo com 97% do que foi escrito (olha que isso é bem difícil em se tratando de pontos de vista meus e do Masa). O ponto que eu acho mais central de toda esta história é o exemplo a ser dado e como isto é, provavelmente, a unica maneira de se ensinar algo verdadeiramente a alguém.

Tem uma historinha que eu adoro e é atribuída a Mahatma Gandhi. Dizem que um dia uma mãe veio muito aflita para conversar com ele. Disse que seu pequeno filho era diabético mas adorava açucar. Ela já tinha tentado de tudo para fazer o menino cessar o consumo de açucar: ido a médicos, curandeiros, confiado em receitas caseiras das comadres mas nada havia diminuído a afeição que o moleque tinha pelos doces. Como Gandhi, nesta época, já era um grande líder espiritual, ela achou que ele talvez pudesse ajuda-la. Ele refletiu alguns momentos sobre o pedido e respondeu:

- Eu vou tentar. A senhora por favor me procure daqui a seis meses
- Mas por que tanto tempo? - questionou a mãe
- Porque é provavelmente o tempo que eu vou levar para parar de comer açucar.

Mitologia ou não, acho que essa pequena história reflete o que eu penso sobre o poder do exemplo e o que o Masamune quis dizer com o "falhamos miseravelmente" (bem, assim eu entendi...)

Eu só discordo de dois pontos no texto anterior:

1) acho Brasília um lixo. Serio, um lixo completo. Não acho a arquitetura bacana. Não acho as praças floridas e as avenidas largas legais. Não acho aquele lago bonito. Não acho o céu estrelado charmoso.
É claro que minha opinião carrega fatores emocionais, mas foda-se, eu detesto aquele lugar, por tudo o que representa.

2) eu não acho que tenhamos falhado, nós, como elite cultural do país. Não acho por algumas razões:

- até 1989 nós não votávamos. Vivemos durante 20 anos (o suficiente para aculturar 02 gerações) sob regime militar. Até hoje não sabemos direito o que um deputado, senador ou vereador faz.  O Poder Judiciário então é um completo desconhecido para nós (saia por aí perguntando qual o papel do STF, STJ, de um promotor etc). E não me refiro às classes baixas não, refiro-me à mesma elite que teria o papel de "puxar a locomotiva" rumo ao desenvolvimento da nação.

Só como exemplo, eu tenho um amigo queridíssimo que construiu uma vida muito digna trabalhando na iniciativa privada (em bancos, para ser mais especifico). Sua esposa também trabalha em um banco e outro dia ele me disse, todo feliz, que tinha sido promovido e estava até pensando em fazer um MBA. Só que ele é Petista e tem discurso socialista.

Eu acho que não havia nada que nós pudessemos ter feito, no sentido mais macro da coisa. O faxineiro subiu ao poder porque nós somos um país de faxineiros intelectuais. Aqui me refiro a faxineiro não de forma jocosa ou prepotente mas no sentido da ilusão fantasiosa e infantil de que basta boa vontade e um coração bondoso para realizar projetos.

Para executar funções de gestão, planejamento e execução - que são, no fim do dia, o resumo do trabalho dos governantes - é necessário muito preparo. As chances de meter os pés pelas mãos são enormes. E o que acaba acontecendo é pagando-se o preço do aprendizado na prática, como o próprio Masamune disse ser o jeito mais caro e penoso de se aprender algo.

Eu tinha mais uma razão para dizer porque eu discordo da afirmação de que nós falhamos mas tô com uma puta dor de cabeça. Então vou sentar na frente da televisão e assistir um pouco de Passione afinal, se não pode vence-los, junte-se a eles...

domingo, 19 de setembro de 2010

Falhamos miseravelmente

Estive em Brasília outro dia. A cidade é linda, arquitetura espetacular. Uma capital digna de orgulho pra qualquer um. Percebi nessa visita que o dinheiro está rolando solto na cidade, você vê isso nos hoteis, restaurantes e shoppings. O que também se pode ver é o baixíssimo nível das pessoas. Nível cultural mesmo, são pessoas sem a menor condição de dirigir o país ou de fazer parte das estruturas de poder.

Digo isso pois considero que a maior parte das pessoas que estão em Brasília gravitam ao redor do poder, do governo federal. São políticos ou lobistas, gente de sindicatos, de estatais, agências reguladoras ou sei lá o que mais existe nesse paquiderme jurássico que é o estado brasileiro.

É gente que está envolvida nos rumos do país, pro bem e pro mal. É esse grupo de pessoas que decidem hoje em dia os aspectos públicos do Brasil. As leis, regras, direcionamento de recursos e esforços. E mais que nunca tem um pessoalzinho muito ruim fazendo isso.

Por isso o título do post. Acho que a elite falho, que nós falhamos. Estou incluindo vocês, amigos que leêm o blog pois acho que fazemos parte de uma elite. Uma elite cultural, social que teve oportunidade de ser bem educado, fazer faculdade, foi exposto a idéias mais sofisticadas, teve chance de viajar pelo Brasil e pelo mundo.

Desde a queda do regime militar, de um jeito ou de outro essa elite esteve no poder. Até a eleição do Lula e a ascensão do PT à presidência, tivemos dirigentes que de uma forma ou de outra pertenciam a essa elite. Pessoas que quando confrontadas com um problema, tendiam a tomar uma decisão ao menos razoável. Eram corruptos? Sim, muitos deles, mas mesmo corruptos, quando iam tomar uma decisão tinham conhecimento suficiente para isso.

O que quero dizer é que deixamos o faxineiro sentar na cadeira de presidente da empresa. Se alguém se chocar com isso e achar que estou fazendo pouco do faxineiro, saibam que não estou. Só estou dizendo que um faxineiro que terminou o ensino fundamental tem menos chance de entender de finanças que alguém que fez faculdade. E pra liderar precisa entender de dinheiro e administração entre outras coisas.

Aí o faxineiro começa a colocar seus amigos na diretoria. A moça do café, a da recepção, o motoboy e o guarda da portaria formam o board da empresa agora. Alguns são honestos, outros não, igualzinho à diretoria anterior, mas o fato é que se os anteriores eram do time "Rouba mas faz" esses aqui na melhor das hipóteses são "Se não roubam, deixam roubar".

Pois junto com a corrupção veio a incompetência, e mesmo os honestos não se dão conta da inaptidão e desonestidade ao redor. Não tem a menor idéia do que estão fazendo, e estão tão felizes e maravilhados de se sentarem da diretoria, que mesmo que desconfiem de algo, jamais vão dizer, com medo de perder o posto. Eles não sabem como fazer, e como dizia um professor na faculdade, o jeito mais caro de aprender algo é o método por tentativa e erro, na prática. Acredito que é isso que vai acontecer no Brasil nos próximos anos.

Mesmo que esse partido perdesse agora, ou perca no futuro, a moça do café vai ter tomado gosto pelo poder. Não vai querer sair. Estruturas de poder montadas ao longo de anos não se desmontam de imediato simplesmente pela subida de outro ao poder. São gradativamente substituídas e alteradas pelas forças novas que se impõem. E acho que será assim.

Há algo que aconteceu com o povo brasileiro com a subida do molusco que é algo positivo. É um resgate da auto-estima do zé ninguém, que ao ver alguém como ele na presidência pensa - "Eu também posso ! Também tenho chance de ser alguém.". Isso é algo que não exisitia, pois os governantes brasileiros sempre vieram da elite, de um jeito ou de outro, e o povo portanto se via alijado do processo, não via que ele mesmo poderia se tornar um dirigente. Uma espécie de regime de castas talvez?

Tenho viajado muito pelo Brasil, e as pessoas estão buscando crescer. Querem ganhar mais, estudar, viajar, consumir. Negócios são abertos, pessoas contratadas, tudo anda em um ritmo diferente. O mérito estrutural é do FHC mas foi a subida de um "popular" ao poder que deu mais impulso ao mostrar que é isso possível. Seria uma versão tupiniquim do "sonho americano", o nascimento do "sonho brasileiro"?

Verdade que nesse momento o "sonho brasileiro" é arrumar uma boquinha em uma estatal, orgão do governo ou fazer uma maracutaia pra se dar bem e poder consumir. Mas será que podemos condenar o desejo de consumo dessas pessoas que realmente nunca puderam consumir tanto? Ou nós como elites que já consumimos poderíamos ajudar a ponderar os benefícios e riscos de montar sua vida baseadas no consumo como fim em si mesmo?

Com a eleiçao do barbudo, as elites perderam definitivamente o contato com o povo, e isso se provou nessa eleição, onde apesar das inúmeras denúncias, abusos de poder, o PT vai sair vencedor. Nós somos parte da elite que perdeu contato com o povo. O porteiro do nosso prédio hoje não vai acreditar na gente se dermos algum conselho pra ele. O seu funcionário acha que você está querendo enganá-lo quando você diz a ele que não pode dar o aumento agora, mas assim que a empresa crescer que estiver junto cresce junto.

Antes ele acreditava no que você dissesse porque você era "o patrão". Hoje ele está convencido que nem sempre o patrão está certo - o que é bom - mas não tem a puta da idéia do que é o certo. Ele vai pedir as contas para ir trabalhar no vizinho por 100 reais a mais e não vai entender a cagada que fez até ser demitido daqui a 6 meses. E mesmo então, pode arrumar outro emprego e não perceber do que você estava falando lá atrás. Ele vai ter que aprender na prática, o que é mais caro e mais doloroso.

Porque esse é um processo. Você tem que falar e viver a realidade que fala. De 100 pessoas para quem você falar da importância de comprar à vista pra escapar dos juros, somente 5 vão escutar, e uma vai entender. E talvez essa única pessoa não mude de atitude, pois é um conceito abstrato e difícil de implementar. É trocar seu prazer de momento por uma promessa no futuro.

Isso se aplica à liberdade de expressão, direitos civis e valores democráticos. É tudo muito abstrato e focado em médio ou longo praso. São valores das elites, que já tiveram suas necessidades básicas atendidas, e sofisticaram-se exigindo mais dos seus governantes, não aceitando que seus pares que os governam tirem deles esses direitos. Como pedir a alguém que está podendo comprar uma TV tela plana pela primeira vez que preste atenção nisso? Ele quer assistir o jogo do Curintia em HD porra !!!! ( desculpa aí Oco...hehe).

Portanto, acho que viveremos uma época de mudanças lentas e graduais, que estou seguro nos levam para um futuro melhor ( sou um otimista incorrigível...) mas sabe-se lá quando. O que estou ainda mais seguro é que temos um papel a desempenhar nisso.

Nada de passeatas ou correntes de e-mail. É sim se dedicar ao trabalho excruciante, cansativo, chato e repetitivo de defender os valores que acreditamos e viver esses valores . Mostrar através do exemplo que as coisas podem ser melhores e sempre que tivermos chance dividir esse conhecimento com outros. Sim, pois aqui nesse nosso espacinho elitizado, que é um microcosmo de onde normalmente vivemos e discutimos nossas idéias nos sentimos entre pares. Mas no mundo real lá fora somos a elite. Somos nós que deveríamos dar o exemplo, mostrar os caminhos. E falhamos miseravelmente.

Dou um exemplo bobo. Outro dia fui engraxar o sapato em Congonhas, tinha eu e outro cliente, um Sr de uns 50-60 anos que estava já falando com meia dúzia de engraxates quando eu cheguei. Engraçado que pela posição que ficamos, os dois no alto das cadeiras e os engraxates sentados em banquetas no chão, já ficava estabelecida uma certa relação de poder. Além é claro do fato de que eu tinha o dinheiro e o rapaz estava cuidando dos meus pés. em troca do dinheiro Não sou eu que crio essas relações, elas existem e é bom entender isso.

Bem, voltando aos fatos. O espaço é uma pequena sala de teto baixo escondida num corredor lateral do aeroporto, e nesse lugar já estava esse Sr. falando e os engraxates escutando. Assim que me sentei, ele passou a dirigir a sua fala para mim, pois imagino que ele me via como seu par. Ignorei um pouco, mas não pude deixar de comentar algo após alguns minutos. Ele falava de casos em que no passado o homem traído matava o amante e a mulher e era perdoado. Isso estava na lei, e eu adicionei à fala dele dizendo que era "em legítima defesa da honra".

Passamos a conversar com a atenção dos 6 engraxates que estavam aí e riam dos casos escabrosos de traição - incrível como nego gosta de uma bagunça...Eu comentei que essa lei estava válida até 1988, quando na nova constituição isso foi revogado. Comentei também que o PT votou contra a constituição de 88 e daí começamos a falar da Dilma. O Sr. se declarou contra ela, embora eu já esteja vacinado que muita gente vota nela mas não assume. Sem entrar nesse mérito, falei um pouco sobre os riscos de alguém como ela ser presidente e de como era mentira que o governo Lula fez tudo pelos pobres. Não lembro do que eu disse exatamente, mas tentei ser o mais simples e direto possível ( sim , eu consigo falar de maneira mais simples...).

Saí dali com a nítida impressão de que haviam me escutado. Se vão esquecer em seguida eu não sei, não tenho como controlar o que os outros fazem, somente posso mudar o meu jeito de ser. Naquele ambiente, eu o outro Sr. éramos a elite, e a maneira como os engraxates riam do que o Sr. dizia sem retrucar evidenciava que eles prestavam atenção ao que era dito. Passou-se o mesmo quando eu comecei a falar, o que também mostra que eles não estavam entendendo direito, apesar de prestar atenção. Pois quem entende retruca e discute, o que não era o caso.

Meu ponto é que temos o que oferecer. Eu poderia ali ter ficado falando de como o Dado Dolabella hoje poderia ser absolvido caso provasse que a Luana Piovani o havia traído... aliás, essa Luana Piovani é uma anta, mas como é gostosa!. Poderia ter ficado em "Modo Caras" e não em "Modo chato que conhece história". Ingenuamente ou não, acho que como elite temos que dar o exemplo. Como pai eu dou exemplo. Eu me tornei e busco me tornar cada vez mais uma pessoa melhor para que minhas filhas tenham um bom exemplo, é o mesmo com as demais pessoas, na medida do possível tento passar para outros coisas que já aprendi. Sou chato às vezes? Mais provável que seja chato muitas vezes. Mas não ligo, não estou em concurso de popularidade.

E vocês meus amigos, comentem, discutam. Essa é nossa mesa de bar virtual lembram? Se coloquem, se exponham, discordem. A vida não é feita somente de trabalhar e ganhar grana pra comprar TV de HD, pois se não cuidarmos, um belo dia tudo que vai ter pra assistir nessa TV será pronunciamento oficial da Dilma, e ela deve ser feia pacas em HD... E aí não adianta reclamar...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A atração pelo novo

O novo não tem história certo? Pensemos em um novo amor, um novo trabalho, uma nova viagem. Nele podemos depositar nossas esperanças, idealizações, sonhos. O novo nunca nos traiu, não nos decepcionou. Chega perto da perfeição.

Acabo de ler uma nota sobre um evento da Marina Silva no Projeto SP com artistas. Ela defendeu a criação de um Fundo de Cultura, adicionando R$ 2 bilhões em recursos para esse setor. Acho incrível, mas é a segunda vez que ela se dispõe a gastar 1 bilhão do nosso dinheiro com extrema tranquilidade. Pelo menos essa vez foram reais...a outra vez eram dólares.

A Lei Rouanet já deu recursos para Gilberto Gil e Caetano Veloso. Artistas consagrados que poderiam ralar pra viabilizar seus projetos, não? Mesmo assim, o nosso dinheiro dos impostos foi para o bolso deles pra bancar show e DVD. Então quando a Marina se dispõe a aumentar a aposta em 1 bilhão, assim sem mais nem menos, não tenho como achar bonito.

Os artistas que estavam lá gostaram. Disseram que estão desiludidos com o PT, que a Marina representa o novo. O detalhe é que a origem dela é o PT. Mas isso a gente deixa pra lá, certo? Também esquecemos que ela continuou no PT na época do mensalão, e que mesmo hoje reluta em condenar veementemente as práticas pouco escusas do governo.

Em nome do novo, muitos erros já foram cometidos. É preciso uma renovação na política? Acho que sim, mas tem que começar do inicio e mostrar história, resultados. Eu não tenho problema em votar em alguém novo para deputado, mas pra presidente, quero saber o que a pessoa fez antes. Por isso não voto na Dilma ou na Marina, a história das duas as compromete.

Não acredito em 100% honesto. Isso ninguém é. Mas existem pessoas que buscam os 90% de honestidade enquanto há outras que sequer pensam nisso, só pensam em se dar bem. E eu acho esse um valor a ser considerado em políticos. Isso me deixa com poucas opções, mas a vida não é fácil mesmo...

Quanto à parte "verde", conto uma historinha. Ontem minha filha cantou pra mim parte de um poema. Era uma versão do "Se essa rua fosse minha" com viés ecológico. Terminava assim:

"Se esse mundo fosse meu, eu faria tantas mudanças
Que ele seria um paraíso de bichos, plantas e crianças."

Perguntei pra ela: E onde ficariam os adultos como seu pai nesse paraíso?

Por isso que não compro a conversinha mole da Marina que surfa essa onda ecológica. Essa novidade já foi comunismo, nazismo. Eles também queriam mudar o mundo.

Governos, política, sociedade são conceitos que envolvem e dependem de pessoas. Acho que novidades radicais vindas de laboratório são boas para máquinas. Um novo I-pod, novo carro, até um novo tratamento médico se encaixa, pois pode ser testado em laboratório antes.

Quando falamos de pessoas, a conversa é outra, tem que se estudar história, sociologia, antropologia, psicologia. Pois essas ciências estudam os desejos e limitações do ser humano. É aí que se pode buscar o novo para uma sociedade.

Pois em geral, esse novo costume será apenas uma pequena mudança do velho hábito. Para a sociedade, são as mudanças pequenas graduais que funcionam melhor, e não mudanças radicais de repente. Vou escrever um post sobre revoluções depois...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nego é muito burro mesmo...

Ontem assisti um pouco do debate na Rede TV. O formato dos debates já ficou ridículo, pois não tem debate nenhum, qualquer um fala o que quiser e sai impune. O confronto é a parte interessante de um debate, mas as regras que a TV segue deixa tudo tão engessado que a coisa toda fica naquela bobajada.

Algo no entanto fica claro. A postura arrogante e autoritária da Dilma é evidente. Inclusive sua linguagem corporal mostra isso. No entanto, caminha para a vitória. O Serra não ajudou muito ontem, teve poucos momentos de destaque. Mas é a única opção, dado que a Marina só sabe falar de um tema e o Plínio é o Tiririca mais velho e de gravata.

Tem gente que diz que é o bolsa-família que garante os votos de Lula e Dilma. Os 50% de intenção de voto dela desqualificam isso. Tem muita gente votando nesse pessoal e acreditando que o governo do Lula foi bom, 0 índice de aprovação de 80% prova isso. Ou seja, não é só miserável que vota no PT.

Um resumo simples do que seria o governo do PT é que " O que é bom não é novo, e o que é novo não é bom." A oposição poderia usar esse mote, não? Pois o que é elogiado é a política econômica, que o PT sempre foi contra, e que hoje tem em um ex-presidente do Bank Boston seu principal condutor. O bolsa família nasceu no governo FHC. Já os aloprados são obra do PT.

Então, é muita burrice da oposição a linha de atuação que vêm seguindo não somente agora, mas nos últimos anos. E é muita burrice do eleitor que não consegue enxergar o absurdo que é colocar alguém tão despreparado no posto de presidente. É muita burrice da imprensa continuar acreditando nos discursos rasos de uma Marina ou Dilma. É muita burrice do empresariado, que contente com o crescimento dos últimos anos, abandona qualquer escrúpulo e adere com tudo ao clima de maracutaia.

E é muita burrice minha continuar assistindo notíciarios, debates, lendo blogs e discutindo esse tema. Porque o que acontece na classe política é reflexo da sociedade, que é extremamente avançada em alguns temas, mas porcamente atrasada no que interessa. Conheço pouquíssima gente com capacidade e vontade de fazer diferente, acredito que a maioria, se estivesse no lugar dos comandantes do país, faria igual ou pior.

E ainda tem mais. Em princípio eu sou anarquista. Não gosto de ninguém mandando em mim. Mas não acho o anarquismo viável por causa das outras pessoas, então para viver seguro aceito que tenha um governo estabelecendo regras para todos. Então vamos combinar que alguém que DESEJA ser mandado é basicamente um imbecil. Pois a maioria da população tem esse desejo. Basta ver que vai votar em uma figura claramente autoritária, chancelada por outro autoritário. Por mais burros que sejam, isso é uma coisa que todos sabem identificar, mesmo que inconscientemente.

E percebo isso mesmo, as pessoas preferem ter alguém que comande suas vidas e digam o que elas tem que fazer. Vejo isso às vezes de pessoas que trabalham comigo, e esperam de mim um comando, uma direção. Preferem fazer o que eu mando. Não querem se desenvolver, crescer, estão felizes em ser mandadas.

No meu mundo ideal, o presidente do país seria como um síndico de prédio. Quem quer ser síndico do prédio? Só aos mala sem alça....Por que o síndico é alguém com poder, é verdade, mas com uma puta aporrinhação nas costas, um monte de obrigações e moradores pentelhos azucrinando a cabeça dele. Fornecedores que faltam, funcionários pedindo aumento...

Agora, imagine o que seria se o síndico pudesse aumentar o condomínio ( impostos) quando quisesse. Se pudesse espiar sua correspondência ( sigilo fiscal). Se pudesse contratar seus parentes e amigos como "assessores". Você quer um síndico assim??