Quanto pesa a inércia?

Ontem fui a um daqueles bares na 13 de maio. Daqueles bares lixo, onde sempre tem uma banda de rock e a cerveja tem um preço razoável. Era um evento especial - aniversário de dois amigos, que fecharam o bar para que suas bandas pudessem tocar.

Acho que vale a introdução sobre estas duas pessoas: um deles é provavelmente a pessoa mais estranha que conheço - o cara cismou de aprender Gaélico, frequenta uma seita Wicca, e é coordenador de trade marketing em uma grande empresa. Além disso, o cara dedica todos os seus esforços a lançar um CD de sua banda de heavy metal que, segundo ele, tem uma proposta green. Nem vou tentar explicar...

O segundo é um cara que rapidamente percebeu que não tinha nenhuma habilidade e desejo de ser empregado, abriu uma lanhouse, juntou uma boa grana e hoje vive de renda e passa o tempo na sua lanhouse. Mais um daqueles cidadãos que resolveu não ter TV, porque o que quer ver ele baixa, e já que não tem TV não precisa também de um sofá, e assim por diante. O cara virou mestre de kung fu recentemente.

Bom, eis que ao voltar para casa ontem, conversando com minha senhora, me dei conta que gostaria de saber tocar um instrumento, ao que ela prontamente me incentivou: "Vá aprender, ué".

E nesse instante pude perceber que a simples idéia de começar algo novo meio que me aterrorizava... começar a estudar algo em que hoje não tenho nenhuma habilidade, que se aprende diferente do jeito que eu aprendo normalmente, ter um compromisso semanal para o qual eu teria que praticar. Como alguns de vocês sabem, não estou morando em casa por causa da reforma, então ter um estranho numa casa que não é minha (sim, eu percebo que estou inventando desculpas)...

O que me leva a pergunta: O que eu aprendi nos últimos anos? Não o que aprendi que possa ser valioso para o meu trabalho, ou para um trabalho qualquer, mas o que fiz que me realiza e que me trouxe o prazer de aprender? Mais importante, o que eu deixei de aprender? E ainda mais importante - o que eu gostaria de aprender?

Bom, acho que o que me resta é deixar de ser preguiçoso e encontrar um professor de viola.