segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Não to afim de trabalhar

Impresionante como isso me ataca com certa frequencia. Simplesmente não quero fazer a próxima tarefa e que se dane.


Nessas horas tenho alguma saudade de multinacional, pois sempre vai te um chefe de olho em você ou um pentelho te dando trabalho. Se bem que em geral é pra fazer algo inútil, então na verdade seria melhor não fazer mesmo.


Acho que tive uma formação que preza demais o trabalho, meus pais estavam sempre fazendo algo, acho que o exemplo mais forte é esse. Então ficar de papo pro ar me incomoda às vezes, especialmente em horário comercial.


O que é bem estúpido, pois trabalho até tarde ou fora de horário com frequencia, atendo telefonemas e respondo e-mails, além de ficar pensando em como resolver um problema. Isso também é trabalhar não??


Vejo que sou muito escravizado pelo sistema de horas, e pouco pelos atingimentos, apesar de teoricamente acreditar mais no segundo. Ou seja, se não trabalho 8 horas, me sinto culpado ( ok, ok, bem pouco culpado).


Mas é esquisito mesmo, ter esse negócio das horas a me perseguir, tipo tenho que estar no trabalho a tal hora, e quando chego fico um tempão escrevendo no blog ao invés de trabalhar...


Aí penso que pode ser indício de que não gosto do que faço, o que em parte é verdade, mas por outro lado acho que qualquer coisa enche o saco, tem momentos bons e ruins. Então se não fosse isso seria outra coisa.


Fico pensando nisso, se deveria buscar um trabalho que tivesse mais a ver com o que realmente gosto.

Agora, quem pagaria pra eu ficar andando de bike, vendo filmes e levando gatinhas pra jantar??

Colaboradores

Estou tendo que montar minha "equipe"...e selecionar pessoas é foda...

Pouca coisa me dá saudade de multinacional, mas isso é uma delas. Porque em empresas maiores é mais fácil, tem o RH, os procedimentos, tem a estagiária do outro departamento, ou seja, mais chances. Em empresa pequena iniciando é um pouco mais complicado que isso.

Em resumo, estou bem "perdido" nesse assunto, tipo não sei nem como começar - ou será que não tenho o menor saco de começar??? Bem, dá no mesmo...

Por enquanto só sei alguns comportamentos que não quero conviver, algumas delas me irritam profundamente:

- Pessoas que quando você pede algo diferente, te falam que isso não é trabalho delas....
- É de quem então? Meu?

- Pessoas que comem o dia inteiro bolachas e outras coisas...
- Minha atual slave é o maior exemplo. Deprimente...

- Pessoas que "se ofendem" quando vc brinca que elas são escravas...
- Afinal todos somos não? Ou vc tá lendo isso na praia???

- Pessoas que querem ganhar mais porque veêm que vc ganha mais, e não fazem o que você pede ou quando o bicho pega se perdem...
- Cara, a inveja é uma merda.

- Pessoas que falam "tadinho" toda hora...
- Acho que nada me irrita mais que esses moralistas estúpidos que defendem o motoboy que vai ter que atravessar a cidade pra entregar o documento...detalhe, eu tô pagando...

- Pessoas que querem "conversar"...
- Trabalho é pra ralar, podemos conversar, mas se o trampo estiver rolando bem, do contrário vai terminar a planilha porra...

- Pessoas que não anotam o que você pede...
- Aí te obriga a anotar pra depois cobrar, porque convenientemente elas vão negar que você tenha pedido, criando uma obrigação de registrar tudo, bem português aliás....

- Pessoas que quando há um problema te dizem que sabiam que aquilo poderia acontecer.
- Cara, não quero saber, quero resolver o problema, depois podemos falar. E em geral, tive um bom motivo pra fazer desse jeito que deu caca...

Agora lembrando a definição básica de uma empresa do meu curso de ADM:

Empresa => Um grupo de pessoas que se unem para atingir um objetivo que nenhuma delas poderia fazer sozinha.

Ou seja, se eu pudesse faria sozinho...como não posso, vou ter que contratar...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Não somos a 3M

Estou numa reunião de Inovação, antes de falar sobre inovação começamos a reunião sobre a performance de vendas dos principais produtos, vimos que o principal produto perdeu 10% em vendas em uma única região: tempo gasto para ver os motivos e como iríamos reverter isso foi de 20 minutos.

Aí começa a reunião de Inovação: tempo gasto 6horas
Adoro essas reuniões por algumas razões:

- é muito legal ser inovador, ninguém quer parecer retrógrado, ou parado no tempo, é muito mais legal falar de Launch Plan, Strategy, etc do que falar execução, que o preço do produto atual está errado, a distribuição está uma merda, vendas não cumpriu o que planejou, etc, isso dá trabalho, enxe o saco;

- todo mundo quer parecer a 3M, mas ninguém levanta a bunda da cadeira e vai lá ver como os caras trabalham e quais são as metas;

- estamos num mundo globalizado, concordo, mas na boa, falar que a dona de casa de Suécia pensa e age igual à dona de casa de Feira de Santana é um absurdo, mas como os insights são globais, os posicionamentos são globais, as campanhas são globais, os consumidores também são globais, porra eu não vejo tantas suecas na fila do poupa tempo;

- outra coisa legal de reuniões de inovação, quando alguém começa com alguma bullshit:
“You have to kiss a lot of frogs to find the right prince. … But remember, a prince can pay for a lot of frogs.”
Quero ver se neguinho ia ficar beijando vários sapos com o dinheiro do próprio bolso, beijar vários sapos no escritório bacana no Itaim, tomando Ice Tea Light e com grana da empresa é fácil;

- ser inovador também é ser visionário, neguinho fica pensando nos produtos que serão lançados em 2013, mas não consegue responder por que o produto lançado 3 meses atrás não está vendendo, fala sério 2013!!!

- resumindo, pensando em tempo investido, dinheiro e a estatística dos sapos que não viram príncipes contra a gente, pergunto se a inovação realmente é um bom negócio;

Eddie

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Aula de Varejo: A solução final

Aula de Varejo
1a e única

Isso é tudo o que você precisa saber sobre varejo. Aprenda com os melhores.

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Quinta-feira saí da minha casa, feliz e lampeiro e fui comprar um presente para minha senhora.

Me dirigi a aquele antro do consumo que é o Shopping Iguatemi, entrei numa loja e fui prontamente atendido, saindo da loja quinze minutos depois com uma bonita blusa para minha mulher.

E aí que a estória se complica.

Acontece que a tal blusa ficou pequena. E eu, cavalheiro que sou, me ofereci para trocar por uma do tamanho dela. Grande erro.

Cheguei na tal da loja no sábado de manhã. A vendedora que havia me atendido não estava lá, vi somente uma daquelas loiras de farmácia, com sotaque viking, e uma morena que parecia o coringa, com uma maquiagem borradona na cara, parecia que tinha saído da balada e ido direto pra loja.

Bom, cheguei com a blusa e pedi por favor para ela trocar para mim a blusa que havia comprado por um número maior.

"Não tem."

Putz, que bosta, justo hoje que tinha acertado o que minha namorada gostava. Bom, foda-se, pedi para ver o que ela tinha no tamanho correto (só para efeito de esclarecimento, não é que a Sra. Enxaqueca pese 120 kg, ela usa roupas de uma tamanho bem normal).

"Olha, tenho esse aqui. Custa um pouquinho mais do que você pagou."

Ela me mostrou UM modelo. Pedi para ver outros.

"Sabe o que é, a gente está em final de promoção, então só tem esse."

Bom, então tá, né. Tinha achado bacaninha o que ela tinha me mostrado, então resolvi que ia levar aquela mesma. Só quis brigar um pouco pelo preço, e pedi que ela não cobrasse a diferença, alegando que ela não tinha nenhum outro produto para me oferecer.

"Não posso, já está na promoção."

Enfim, foda-se. Vou pagar a merda da diferença e dane-se. Sou trouxa mesmo.

"Ai, desculpa, mas estou olhando agora e não tem do tamanho dela."

Caralho, fiquei brigando com a porra da loira oxigenada, chorando preço, querendo trocar e nada. Puta que pariu, a loja não tinha produto para vender. Por que está pagando aluguel no shopping iguatemi então se não tem o que vender. Perdi a paciência e pedi que me devolvesse o dinheiro então que eu iria no concorrente.

"Ai, moço, mas sabe o que é, o nosso caixa fica trancado, eu não tenho acesso, então não consigo tirar o dinheiro para te devolver."

Ela me mostrou um sistema incrível que funciona da seguinte forma: o caixa é uma gaveta trancado com um furo no meio. Por esse furo ela enfia o dinheiro, cheque ou papel do cartão. Quando recebe em dinheiro, vai numa loja do lado e pede que troque. Só a gerente tem a chave.

Nessa hora eu comecei a ficar puto da vida. Porra, não tem o produto para trocar, me ofereceu um mais caro, que acabou não tendo também, e não tem a grana para devolver? É festa? Chama a gerente aí!

"Ai, moço, mas ela tá de folga hoje, se o senhor quiser eu posso tentar ligar."

Evidente, minha filha. Liga logo aí, porra.

"Ai, ela não atende."

E então, qual é a sugestão que você me apresenta?

"Não tem sugestão, vou ter que pedir para o senhor voltar outra hora."

Eu não tenho outra hora pra voltar. Tenho que resolver isso já! O presente é para a sra. Enxaqueca usar hoje, então tenho que sair daqui com uma alternativa!

"Senhor, não posso fazer nada."

Bom, se vira. Vai buscar um empréstimo em outra loja e me devolve meu dinheiro.

"Não posso fazer isso não, moço."

Nessa hora a Coringa tá me olhando com um sorriso irônico, como se eu fosse um idiota por estar falando aquilo. A loira de farmácia tá me olhando com aquela cara de "sou consultora de vendas de loja chique, não me incomode com trivialidades".

Filha, tem outras lojas dessa marca? Se tem, liga lá e vê se tem o produto que eu comprei. Naquela velocidade sem pressa ela vai ligando para duas, três lojas enquanto a Coringa fica olhando. Acho que ela devia estar em treinamento com a vendedora senior que era a loira de farmácia e tinha muito a ensinar.

"Senhor, tem no shopping cidade jardim, o senhor quer que eu reserve?"

Não, filha, quero que você peça a um motoboy que entregue aqui enquanto eu vou fazer o que tenho pra fazer, volto em uma hora.

"Mas senhor, hoje é sábado, eu não tenho motoboy para solicitar e, mesmo se tivesse, não posso tirar dinheiro do caixa para pagar ele."

É mesmo? Liga nesse número aqui que é de serviço de motoboy e abre hoje.

"Ai, senhor, mas nós não temos dinheiro para pagar. O senhor quer que eu peça à loja para reservar?"

Bom, saí da loja depois de explicar à loira de farmácia o quanto ela era incompetente, e que não servia para nada, e se esse era o melhor que ela podia fazer, eu sentia muito, pois ela estava condenada a ser uma vendedora de loja sem acesso ao caixa para o resto da vida.

Fui à outra loja e, depois de me perder para chegar ao tal shopping Cidade Jardim, consegui fazer a troca.

Tempo gasto: 2h e 37min.

Moral da estória:

Depois que alguém já entregou seu dinheiro a você, se ele vier a pedir qualquer coisa, olhe nos olhos dele, sorria e diga, alto e claramente:
"Pau no seu cú."