terça-feira, 16 de junho de 2009

Mentiras

Há algum tempo atrás entrei em uma discussão sobre mentir para os filhos.

Uma amiga me contava que em alguns momentos achava que uma mentira para filhos pequenos poderia ser positiva. Eu não conseguia imaginar uma situação assim. Eu posso omitir alguma coisa de minhas filhas, mas mentir?

Profissionalmente mentimos mais? Ou na família? Para os amigos?

Outro dia um amigo me convidou pra uma cerveja. Eu tava em casa, era tarde, frio. Não tava no pique. Pensei em dar uma desculpa, haveriam várias. Mas o cara é meu amigo porra, que se dane....falei a verdade, que não ia rolar. Ponto. Acho que ele não se magoou...

Quando você convive um pouco mais com alguém, começa a sacar as mentiras. Ou vê a pessoa mentir para outros na sua frente e se isso acontece é quase certeza que a pessoa mente pra você também. No lado pessoal ou profissional, dá no mesmo. Mentira tem perna curta...

E mesmo assim, a galera segue dando desculpas e inventando estorinhas. Eu mesmo confesso que no meu trabalho muitas vezes faço isso. Na vida pessoal bem menos, quase nada mesmo. Isso tem um custo é claro, tenho poucos e bons amigos.

Realmente me incomoda muito a mentira alheia, eu mesmo tendo a ser demasiado sincero ( isso existe? Bem, já ouvi mais de uma vez esse feedback). Como estabelecer e manter uma relação baseada em mentiras?

Será que é porque as pessoas mentem até pra si mesmas? Gostam de se imaginar e se mostrar diferentes do que são?

Dizem que é difícil encarar a si mesmo. Pode ser, mas existe outra opção? Viver numa mentira é viver?

3 comentários:

Rivotril disse...

Tem um filósofo americano que apóia as mentiras e defende que o mundo seria um caos sem as mentiras.
Veja um pedaço da entrevista:

Então mentir é razoável?
Smith – A mentira é o pilar das relações sociais. Há pais que dizem: "Ensino meu filho a não mentir". Isso é falso. Somos nós que os ensinamos a não dizer a verdade. Ensinamos que é errado dizer à vovó que os seios dela são caídos. Ensinamos as crianças a agradecer pelo presente de Natal mesmo quando elas o odeiam. Isso pode ser chamado de "tato", "boas maneiras", mas são mentiras. A mentira não é boa ou ruim, ela é necessária. Imagine o mundo em que todos fossem verdadeiros uns com os outros. Seria o caos.

Acredito na verdade mas acho difícil viver 100% na verdade

Homem Oco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Masamune disse...

Acho que tem uma diferença entre mentira e omissão. Posso ensinar minha filha que dizer à vovó que os seios dela são caídos provavelmente vai magoá-la, e portanto é melhor deixar pra lá. Duvido que a vó delas pergunte diretamente a opinião das netas sobre seus seios, portanto a omissão nesse caso resolveria.

Quanto ao presente de Natal, a resposta está no próprio argumento. A criança pode agradecer pelo presente no sentido de ter sido lembrada, pelo agrado, mesmo sem gostar do presente em si. Provavelmente resolve.

Sem dúvida 100% na verdade é difícil, diria que quase impossível, afinal sempre vai vir a pergunta:"Vc acha que eu tô gorda???"

Mas daí a dizer que "A mentira é o pilar das relações sociais" existe uma grande distância.

Eu poderia imaginar um mundo em que todos são verdadeiros uns com os outros, e também têm maturidade para lidar com essa verdade, tanto na hora de se expressar como na hora de escutar. Não vejo o caos num mundo assim...

Claro que isso é somente minha imaginação, mas o caos do Dr. Smith também é imaginação...