sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sucesso II

Estou longe de ter a fórmula do sucesso. E acho que ninguém tem. A história das 10.000 horas é um bom caminho, mas por si só não resolve. Mas vou arriscar aqui umas opiniões e continuar o tema muito bem comentado pelos nobres colegas.

Empresas grandes - Multinacionais

No post do Rivotril ele comenta sobre a dinâmica de empresas onde o "como" você faz é mais importante do que "o que" você faz. Acho que isso acontece em qualquer organização. Uma empresa é um conjunto de pessoas unidos em busca de um objetivo que não pode ser atingido por uma pessoa individualmente. Se o presidente da Sadia pudesse criar o frango, depenar, vender, entregar e cobrar sozinho, ele faria isso e ficaria com o lucro de todas as etapas. Como não pode ele junta pessoas para fazer tudo.

Em qualquer grupo de pessoas, a partir de um determinado tamanho, passam a contar aspectos políticos. Amizades, simpatias, interesses, preferências momentâneas, pressões, temores, tudo se retroalimentando enquanto as pessoas buscam seus objetivos individuais ao mesmo tempo que os objetivos gerais do grupo. Vale para empresas, ONGs, escolas, time de futebol, igrejas, reality shows...

Portanto viver em grupo te obriga a participar da política desse grupo. O quanto você se envolve afeta o seu destaque dentro do grupo e o seu sucesso. Acredito que nossa cultura, que valoriza bastante relacionamentos, faz com que a política dentro das empresas assum um papel desproporcional. Em muitos casos, é mais importante ser legar do que entregar o resultado. O bom ambiente vem antes do lucro. Eu também não me adapto a isso, mas é como as coisas são.

Brasileiros trabalham pouco ?

O post anterior cita o japa catador de beringelas, que pelo jeito não trabalha pouco. Tem um sucesso relativo, pois está bem melhor que muitos mas pior que o Samuel Klein.

Aho que o brasileiro trabalha muitas horas pois é pouco produtivo. Fala-se demais, há muitas reuniões e discussões. Muita importância é dada para como as pessoas se sentem e a gestão de pessoas vira uma salada socio-psicológica misturada com amizades que toma um tempo absurdo da organização. A objetividade não é valorizada.

Não é exclusividade brasileira, a maioria dos latinos é assim, e argentinos por exemplo são bem piores que nós em algumas coisas. A disposição dos hermanos de discutir por discutir é impressionante ( além da tendência a não cumprir os acordos ou prazos...).

Gosto do modelo americano, mais focado em produtividade. Li recentemente que a produtividade da indústria americana aumentou após a crise de 2008. Os caras sentiram a água bater na bunda e buscaram melhorar. Por outro lado eles tem uma competitividade exacerbada que enche o saco.

Os europeus que conheço são de 2 tipos. Os de origem mais alemã são ótimos pra trabalhar, chatos pra cacete, mas o que está combinado será feito. Perfeito quando eles estão lá longe. Eu não quero ser amigo deles, quero que os prazos se cumpram.

Os mais latinos ( franceses e italianos) são mais legais para jantar de negócios, bebem mais e melhor e conversam bem. Mas são mais enrolados e os franceses em particular quebram acordos com uma facilidade e cara de pau impressionantes.

Em todo caso, o que percebo nos europeus é que em geral são produtivos. Querem terminar logo o dia e ir pra casa ou sei lá onde fazer o que gostam, que obviamente não é trabalhar.

Povos orientais ( olhos puxados) tem outra filosofia de vida. O dever vem em primeiro lugar. Isso os torna um tipo diferente de trabalhador, fica até difícil comparar. Eu gosto bastante da idéia de disciplina da cultura japonesa por exemplo, mas novamente acho que eles radicalizam.

Como medir o sucesso

Vindo trabalhar hoje ( agora levo quase 1 hora pra vir) vim escutando rádio e me inspirei para fechar o post. Claro que eu estava escutando o melhor gênero musical de todos os tempos indiscutivelmente >>>> Rock...




Wasted Years

Iron Maiden

From the coast of gold, across the seven seas

I'm travelling on, far and wide

But now it seems, I'm just a stranger to myself
And all the things I sometimes do, it isn't me but someone else

I close my eyes, and think of home
Another city goes by, in the night

Ain't it funny how it is, you never miss it til it's gone away
And my heart is lying there and will be til my dying day

[Chorus]
So understand
Don't waste your time always searching for those wasted years
Face up...make your stand
And realize you're living in the golden years

Too much time on my hands, I got you on my mind

So understand
Don't waste your time always searching for those wasted years
Face up...make your stand

And realize you're living in the golden years


Enquanto escutava, comecei a pensar como o sucesso é relativo. O Iron tem várias letras sobre guerra, uma realidade próxima para ingleses de mais de 50 anos. A energia das músicas é impressionante, e quando escuto Wasted Years ou Aces High a sensação é de estar pilotando um Spitfire metralhando uns nazi motherfuckers...

-- Top Gun o caralho...fora que o Tom Cruise tá muito gay no filme...

Quanta gente igualzinho a eu e vocês não perdeu a vida na 2a. Guerra sem motivo algum? Para quantos deles a medida de sucesso não foi simplesmente sobreviver? Terminaram o conflito aleijados, pobres, sem família ou amigos? Para quantos aqueles anos não foram simplesmente Wasted Years, anos passados esperando a guerra terminar. Na história da humanidade, os períodos de paz são bem menos frequentes que os de guerra. Se ampliar o conceito de guerra para turbulências de maneira geral como crises econômicas, desastres climáticos, secas ou inundações a coisa fica pior ainda. Vivemos desde a revolução industrial um período de avanço extraordinário, brevemente interrompido pelas 2 grandes guerras. E mesmo assim, a maioria de nós não se sente bem sucedido.

O quanto disso não vem de uma comparação que se faz com exemplos absurdos como o cara da Microsoft, Google ou Facebook? Ou Samuel Klein ou Abílio Diniz? Ou a Madonna? O Tiger Woods? São exceções, pouquíssimos podem ser como eles, e mesmo assim eles ocupam um espaço enorme no imaginário das pessoas.


Acho importante definir pra si mesmo o que é sucesso. Pode ser uma casa na praia, um carro bacana, um negócio próspero. Ter filhos, família bacana, amigos. Ser Feliz ! Não importa o que seja, mas tem que ser seu, individual. Pois pode ser que você já tenha sucesso e não saiba...


Mas é muito foda mesmo, pois somos influenciados pelos outros e pelo que nos cerca. Estamos contentes em ter um Ipod e o FDP do Jobs lança o Ipad. Que já está caducando em breve. O mesmo para Tvs de plasma/LCD/led/3D e milhares de outros exemplos.

Voltando ao início, não sei a fórmula do sucesso. Mas sei que uma das maneiras de fracassar é ficar nessa corrida louca atrás das últimas novidades. É se deixar levar pelo que os outros pensam. É não ter consciência do que importa pra si mesmo.

" It´s so lonely when you don´t even know yourself..."



2 comentários:

Rivotril disse...

concordo muito com essa parte de definir o que é sucesso para vc e tem uma coisa que parece óbvia mas ninguém faz (me incluo nessa) que é escrever num pedãço de papel o que é o sucesso para vc, ajuda a não esquecer e manter o foco...

Homem Oco disse...

e vc pode dividir com a gente o que é sucesso pra vc?