terça-feira, 14 de setembro de 2010

A atração pelo novo

O novo não tem história certo? Pensemos em um novo amor, um novo trabalho, uma nova viagem. Nele podemos depositar nossas esperanças, idealizações, sonhos. O novo nunca nos traiu, não nos decepcionou. Chega perto da perfeição.

Acabo de ler uma nota sobre um evento da Marina Silva no Projeto SP com artistas. Ela defendeu a criação de um Fundo de Cultura, adicionando R$ 2 bilhões em recursos para esse setor. Acho incrível, mas é a segunda vez que ela se dispõe a gastar 1 bilhão do nosso dinheiro com extrema tranquilidade. Pelo menos essa vez foram reais...a outra vez eram dólares.

A Lei Rouanet já deu recursos para Gilberto Gil e Caetano Veloso. Artistas consagrados que poderiam ralar pra viabilizar seus projetos, não? Mesmo assim, o nosso dinheiro dos impostos foi para o bolso deles pra bancar show e DVD. Então quando a Marina se dispõe a aumentar a aposta em 1 bilhão, assim sem mais nem menos, não tenho como achar bonito.

Os artistas que estavam lá gostaram. Disseram que estão desiludidos com o PT, que a Marina representa o novo. O detalhe é que a origem dela é o PT. Mas isso a gente deixa pra lá, certo? Também esquecemos que ela continuou no PT na época do mensalão, e que mesmo hoje reluta em condenar veementemente as práticas pouco escusas do governo.

Em nome do novo, muitos erros já foram cometidos. É preciso uma renovação na política? Acho que sim, mas tem que começar do inicio e mostrar história, resultados. Eu não tenho problema em votar em alguém novo para deputado, mas pra presidente, quero saber o que a pessoa fez antes. Por isso não voto na Dilma ou na Marina, a história das duas as compromete.

Não acredito em 100% honesto. Isso ninguém é. Mas existem pessoas que buscam os 90% de honestidade enquanto há outras que sequer pensam nisso, só pensam em se dar bem. E eu acho esse um valor a ser considerado em políticos. Isso me deixa com poucas opções, mas a vida não é fácil mesmo...

Quanto à parte "verde", conto uma historinha. Ontem minha filha cantou pra mim parte de um poema. Era uma versão do "Se essa rua fosse minha" com viés ecológico. Terminava assim:

"Se esse mundo fosse meu, eu faria tantas mudanças
Que ele seria um paraíso de bichos, plantas e crianças."

Perguntei pra ela: E onde ficariam os adultos como seu pai nesse paraíso?

Por isso que não compro a conversinha mole da Marina que surfa essa onda ecológica. Essa novidade já foi comunismo, nazismo. Eles também queriam mudar o mundo.

Governos, política, sociedade são conceitos que envolvem e dependem de pessoas. Acho que novidades radicais vindas de laboratório são boas para máquinas. Um novo I-pod, novo carro, até um novo tratamento médico se encaixa, pois pode ser testado em laboratório antes.

Quando falamos de pessoas, a conversa é outra, tem que se estudar história, sociologia, antropologia, psicologia. Pois essas ciências estudam os desejos e limitações do ser humano. É aí que se pode buscar o novo para uma sociedade.

Pois em geral, esse novo costume será apenas uma pequena mudança do velho hábito. Para a sociedade, são as mudanças pequenas graduais que funcionam melhor, e não mudanças radicais de repente. Vou escrever um post sobre revoluções depois...

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