terça-feira, 28 de julho de 2009

Problemas de dentro e de fora II - A Missão

Muito interessante o tema do post anterior pois ontem quase postei um texto semelhante.

Eu trabalho em uma empresa (na verdade é uma entidade de classe, de onde o dinheiro vem do compulsório que as indústrias pagam para o Sistema S).

Essa empresa existe há 40 anos mas só entrou no mercado paulista ano passado (por razões políticas que não valem a pena explicar).

Pois bem, com atuação em 26 estados da nação há bastante tempo, não há um, repito, um núcleo estadual sequer onde a operação seja lucrativa. É isso aí, nenhuma operação é auto sustentável do ponto de vista mercadólogico.

Pois bem, decidiram abrir o escritório em SP. O briefing é que seja uma operação lucrativa (há inclusive um papo de que o compulsório terminaria em 2015, o que acabaria com o Sistema S como ele existe hoje). SP é responsável por 40% do PIB nacional. Em SP há (segundo pesquisa informal feita pela nossa equipe) 64 concorrentes diretos, sendo, inclusive, o mercado de 50% da receita do nosso maior concorrente.

Voltando: decidiram abrir o escritório por aqui.

Nós vendemos serviços de consultoria em Gestão e Educação.

Alguém aí fez um Plano de Negócio ? Pois é.
Alguém aí fez um Plano de Marketing? Pois é.
Alguém aí fez um Plano de Processo? Pois é.

Só para listar alguns obstáculos que estamos enfrentando: a marca é absolutamente desconhecida (lembrem-se: nós não vendemos cebola e sim consultoria em Gestão), não temos um portifolio definido, nao conhecemos quem toma as decisões de compra muito menos a árvore de decisão desse cara. Não temos nenhum estudo de concorrencia. Poderia listar mais uns cinco desse calibre.

Em uma reunião há umas semanas, perguntei para o Gerente Executivo "Mas por que não fizemos Plano de Negócio?". Resposta "SP é um mercado muito grande. Não precisa."

Enfim, a Diretoria contratou uma consultoria para resolver a questão de que os números não estão vindo (ah vá?).

Uma consultoria de processos!!!

Já passei tres tardes minhas ( e hoje tenho outra reunião) com os caras aprendendo sobre fluxograma, o que é um cliente interno, montando uma vaquinha de papel com outros colegas para aprender a importância da comunicação nos processos internos entre outros. Pois é, mas a gente esqueceu de perguntar pro mercado se é vaquinha de papel que ele quer.

Eu já levantei essa bola, pelo menos, umas cinco vezes. Com diferentes pessoas da organização e para a consultoria inclusive. Sempre ouço como resposta (na verdade, sempre não, as vezes a pessoa me olha com cara de "Hã?", às vezes com cara de "Ah, vai te catar, não enche o saco!") que nos outros núcleos tem dado certo. É, tem dado. O núcleo mais saudável é o de SC onde cada R$ 1 investido traz R$ 0,45 de retorno. Espetacular.

É claro que estou colocando a coisa por um prisma só. O da sustentabilidade economica e mercadologica do negócio. Há uma série de questões políticas envolvidas que, sinceramente, não me interessam nem um pouco.

Mas é angustiante você enxergar a solução na sua frente e não poder fazer nada.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Problemas de dentro e de fora

Hoje em dia meu cargo é de Diretor de Marca, mas me considero um gerente.

Acho que gerente é aquele que resolve. Que põe a mão na massa se necessário, e toma as decisões do dia-a-dia. Tem alguns gerentes que só fazem o lado de chefe. Viram supervisores, ficando em cima da equipe, enchendo o saco e cobrando, Não ajudam, e às vezes atrapalham.

Quando fiz o MBA, uma palestra tocou num ponto interessante. Que a diretoria da empresa deveria trabalhar pra fora. Tratar da relação da empresa com o mercado e a sociedade. Não deveria se meter na operação da empresa, isso é papel dos gerentes.

Fiquei pensando nisso pois estou passando por um problemaço bizarro causado pelo sócio da empresa. Considero ele o Diretor. Ele tomou uma decisão puramente operacional sem consultar ninguém e simplesmente fodeu tudo.

Quase sempre dá esse tipo de merda, pois um diretor não tem todas as informações necessárias para tomar a decisão. Mesmo porque existe um gerente pra tomar decisões operacionais. Acabam os dois fazendo o mesmo trabalho, sobrando pro gerente implementar uma decisão ruim.

Todo esse texto é pra destacar como muitas vezes os problemas enfrentados por um negócio são criados pela própria empresa. E muita gente se acostuma com isso, dizendo - "É assim mesmo..." - e continua fazendo cagadas.

Quando a empresa está atolada em problemas criados por si mesma, que chance tem de enfrentar os problemas criados pela concorrência, impostos, falsificações, crises econômicas, mudanças de comportamento do consumidor, etc....?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Karma

Qual será o nosso papel no mundo? Temos que mostrar para aqueles que agem errado conosco que somos maiores que eles? Ou somos agentes do karma, e aqueles que fodem a gente tomam em dobro?

Minha cliente, do post anterior, perdeu o CD com o material que lhe enviei. E agora precisa que eu mande um novo urgente.

Deixo ela no vácuo? Ou mostro que sou maior que ela?
Que vocês acham?

Já fiz o que eu podia...

Hoje fechei o tempo com um cliente que não me paga. Fizemos um trabalho para eles o qual, na conclusão, me foi solicitado que dividisse o valor remanescente entre as unidades de produção. Concordei.

7 notas foram emitidas. 6 foram pagas. A sétima nota está vencida faz quinze dias, e não tenho sequer uma posição sobre quando receberei. Entre as coisas que me incomodaram na conversa de hoje - fiz questão de anotar, pois queria lembrar das palavras exatas:

1. "Já fiz tudo o que eu poderia fazer."
2. "Só uma das sete notas não foi paga."
3. "Não acredito que vocês não têm caixa para completar esta diferença e pagar o fornecedor."
4. "O chefe da responsável é gerente da unidade, não vou incomodar ele por causa de uma nota."
5. "Se quiser, podemos partir para um rompimento de contrato."
6. "Não, não pode faturar o que falta para o grupo ao invés da unidade. Eu não tenho esse dinheiro no meu centro de custos, e não posso pagar por um custo que é da unidade."
7. "Vocês têm que ser flexíveis."

Passando minha raiva, fui ver o que tinha aí:

1. Largando o problema para eu resolver.
2. A empresa minimizando o problema.
3. Transferindo a responsabilidade.
4. Me diminuindo.
5. Pressionando com o tamanho da empresa.
6. Tirando da reta.
7. Questionando a intensidade da minha parceria.

Em tempo - a empresa é uma das 10 maiores do Brasil. A nota é de R$1.000.
Todo mundo deveria ser fornecedor antes de ser cliente...

Esse foi só para contar o causo e tirar do meu peito. Depois eu conto pra vocês no bar a minha resposta, e o post filosofando sobre isso vem outro dia...

domingo, 19 de julho de 2009

Sobre o bom senso

Vou falar um pouco sobre o que penso sobre bom senso.

Em primeiro lugar, o que seria bom senso? Seria a capacidade de tomar uma boa decisão? Se for isso, pra poder avaliar se o que eu decido é bom ou ruim, tenho que conhecer e entender as possíveis consequencias dos meus atos. Só conheço 3 maneiras de saber isso:

- Aprender com alguém - ou seja, com a experiência dos outros.
- Aprender com meus erros e acertos - ou seja com a minha experiência.
- Nascer sabendo - vamos combinar que essa não rola...

Ou seja, pra uma pessoa tomar boas decisões, ela tem que aprender errando ou aprender estudando. Ler não é um hábito da maior parte das pessoas com quem convivo, e considerando a popularidade de programas como novela e Big Brother, esse hábito também não está presente na população em geral. Então a maior parte aprende na raça mesmo.

Quando isso afeta somente a própria pessoa, tudo bem. Mas quando afeta outros, que é o caso de pais que são negligentes com os filhos ou motoristas bêbados que causam acidentes, aí acho que a lei deve estar acima de todos. E infelizmente, quando se faz bobagem, deve-se pagar o preço.

Na verdade acho esse assunto cansativo às vezes. O Brasil é um país demasiado jovem e de pouca cultura. Nosso presidente confia somente na tradição oral, o que também é verdade pra boa parte da população. Falar em bom senso nessa situação é complicado.

Quer um exemplo de que não é o caso de "brecha legal"? O Sarney MENTIU na tribuna ao dizer que não tinha responsabilidade administrativa sobre sua fundação e o que ocorria nela. MENTIR é quebra de decoro parlamentar, está na lei. Provoca perda de mandato. Então o problema não é de brecha na lei. É sim o descumprimento descarado da lei. Seus colegas optam por IGNORAR a lei.

E acho que é isso que dá quando você começa a relativizar a aplicação das leis misturando por exemplo bom senso com decisão de juizes. Acaba dando espaço para afirmações como a do Lula, de que o Sarney está acima das outras pessoas. Pois na verdade ele está certo do ponto de vista deles. Com o bom senso deles, dado pela experiência deles, que estão lá, se esbaldando com a nossa grana, tem que inocentar o cara, afinal todo mundo faz. E o juiz que vai ver o caso, usando de seu bom senso, vai deixar passar. Ou não??

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Qual o sentido da vida?

Ontem num bom café com Homem Oco conversávamos sobre um assunto muito importante e também demasiado filosófico, assunto esse que já foi debatido algumas vezes nas nossas mesas de bar, mas ontem chegamos na pergunta "mas qual o sentido da vida?".
Bom como não é uma pergunta simples de responder e é claro talvez a mais pessoal de todas eu dei uma resposta para ele. "Talvez um dos sentidos seja a gente cuidar bem de nós mesmos", no sentido físico mesmo, coisa que sabemos eu sou péssimo em fazer.

Aí vem a coisa boa, hoje preparei meu almoço e pra mim foi uma das tardes mais legais que já tive, ouvindo música, fazendo um prato que nunca havia feito antes e realmente cuidando de mim.

Então se fosse responder hoje diria que o sentido da vida é:

- Espaguete italiano
- Molho de calabresa
- Peixe no forno
- Bavaria Premium
- Som de James Brown

E tempo para fazer tudo isso...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Isso depende...

Esse vai ser rápido.

Ontem estava vendo Jornal Nacional e estavam comentando o caso da menina de 5 anos que caiu do apartamento no Rio e morreu. Ela estava sozinha e os pais na Festa Julina do condomínio com a outra filha, que com 14 anos já está grávida.

Em seguida entrevistam uma juiza, que diz que em princípio o caso configura abandono de incapaz. Continua falando dizendo que se os pais vão ao supermercado por exemplo, não podem deixar a criança presa sozinha dentro do carro. Até aí estava tudo bem...

Em seguida ela emenda, dizendo que se estiver uma chuva muito forte, e a pessoa for ficar somente 2 minutinhos na loja, é melhor deixar no carro...dá pra definir porra???

Ou seja, o "Isso depende" é uma das coisas que nos estraga....o que depende, que não tem uma definição clara....

-Não pode roubar, mas se for pra comer pode.
- Não pode empregar parente, mas se for ex-presidente pode.
- Não pode favorecer amigo, mas se for cumpanheru pode.
- Não pode matar, mas dirigindo bêbado e for famoso tudo bem...

A lista é interminável, pois tudo depende...

domingo, 12 de julho de 2009

Desculpa qualquer coisa...

Não sou o primeiro a falar sobre isso, já li em outro lugar.

Estive viajando por 4 dias por Londrina, Curitiba e Joinville. Boas cidades com um povo educado, bem acima da média nacional.

E fui atendido por diversas pessoas em hotéis, restaurantes e aeroportos. Na maior parte das vezes fui bem atendido, não tenho do que reclamar. Mesmo assim, em duas ocasiões escutei o "desculpa qualquer coisa" ao final do atendimento. Confesso que nunca entendi essa expressão, então elaborei algumas hipóteses:

1 - A pessoa está pedindo desculpas por algo que ela fez e eu não percebi. Nesse caso, a desculpa é irrelevante, pois eu não me senti ofendido por nada.
2 - A pessoa está se desculpando por algo que ela não teve responsabilidade. Nesse caso a desculpa é descabida, pois não é foi ela a causadora da ofensa.
3 - A pessoa está se desculpando por qualquer coisa que tenha me ofendido, e ELA não sabe o que foi.

Só consegui essas três hipóteses, e acho que aposto na terceira opção. E se é assim, demonstra uma imensa subserviência da pessoa, pois ela se desculpa por algo que desconhece. Se coloca num nível inferior automaticamente.

Se ela é ignorante no sentido de ignorar a consequencia de seus atos, seria como um bebê se desculpar por seu choro incomodar alguém. O que obviamente não faz sentido.

Isso pode ser um reflexo da desigualdade. A falta de igualdade está em todos os lados da sociedade brasileira, acho que os políticos, como qualquer autoridade, apenas refletem isso, na medida em que se vêem e são vistos como acima dos outros.

E acho que as pessoas jogam dos dois lados. Baixam a cabeça pra quem tá em cima e descem a pancada em quem tá embaixo. E isso é meio institucionalizado, e coitado do cachorro que é o último a levar o pontapé do faxineiro, e não tem em quem descontar...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Este é para o Conselho de Ética, por inocentar o dono de Camelot...

cedpa@camara.gov.br

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Caros,

Mais uma vez, o Conselho de Ética faz o que dele é esperado, e não cumpre a sua missão, inocentando o Deputado Edmar Moreira, acusado de quebra de decoro parlamentar – o chamado Deputado do Castelo que se tornou o único cliente de suas empresas de segurança ao contratá-las, pelo preço que bem entendeu, sem licitação, sacando em dinheiro o valor “acordado” e sem comprovação de que os serviços foram efetivamente prestados. Consigo imaginar poucas coisas mais fraudulentas.

Não há nenhuma expectativa de que a Câmara se preste a um papel melhor do que este que faz, protegendo os seus, buscando inocentar ou aplicar penas brandas a aqueles que comprovadamente agem contra o interesse da sociedade brasileira. Imperam pareceres idealistas, recomendando cassações – pareceres estes que invariavelmente são seguidos por votações corporativistas que protegem os interesses dos próprios Deputados.

Dia após dia, vemos réus confessos alegando erros técnicos e deslizes, enquanto contratam parentes, superfaturam contratos, ganham comissões ilícitas por serviços que não poderiam prestar, traficam influência, entre tantos outros crimes. Olho para a Câmara dos Deputados, e também para o Senado Federal, e só o que vejo é um conjunto de sapos velhos decadentes engordando às minhas custas.

Tenho vergonha de dizer que pago meus impostos em dia, e preferia rasgar este dinheiro a vê-lo em propriedade de Vossas Excelências, pessoas que não tem nenhum respeito com o suor de meu trabalho e com meu sonho de viver uma vida melhor.

Espero que seus filhos tenham vergonha de dizer seus sobrenomes em voz alta.

Diogo Broner
Cidadão.