sábado, 28 de fevereiro de 2009

Terceirização da vida

Hoje fui em uma festinha de crianças em um bufet infantil. Fiquei pensando no estilo de vida que um paulistano típico almeja.

Nesse estilo de vida, tudo é terceirizado, o cara mesmo não faz quase nada, paga pra fazerem pra ele.

Vamos ver:

- Ele não lava a própria roupa, louça ou casa - tem empregados
- Ele não brinca ou cuida dos filhos - a babá faz isso
- Ele não educa os filhos - acha que esse é um papel da escola
- Ela não estaciona o carro - deixa no valet
- Ele não sobe escada - anda de elevador ou de escada rolante
- Ele não cozinha - tem empregada, sai pra comer, ou pede um delivery
- Ele não se exercita - faz lipoaspiração, tem personal trainer ou compra o AB-shaper
- Ele não se desenvolve - toma Prozac, ou whisky

E se a grana estiver sobrando, ainda vai ter motorista, alguém pra fazer supermercado, secretária pra organizar suas contas, personal stylist pra comprar suas roupas.

Engraçado esse momento, em que um homem civilizado chega num ponto em que não é mais capaz de cuidar de si mesmo. A única coisa que ele sabe fazer é o seu trabalho. Se ele perder tudo, será como um bebê abandonado.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Novos tempos

Que tempos vivemos? Vamos ver...

Acho que vivemos basicamente tempos de paz. Não existe um mal pairando sobre nossas cabeças já há algum tempo. Certo, agora existe a "crise econômica global" mas a maior parte da população está vivendo sem que os possíveis efeitos catastróficos dessa crise afetem seu dia-a-dia.

O que quero dizer, é que pode ser que estejamos pela primeira vez vivendo um tempo prolongado de bonança mundial. Não sou um mega conhecedor de história, mas arriscaria dizer que antes do século XX as condições de vida da maior parte da população eram mais precárias que as atuais. Haviam mais doenças, mais guerras, mais violência, menos conforto.

A humanidade no século XX viveu duas Grandes Guerras e a posterior ameaça da bomba atômica. Mas essa ameaça veio definhando, culminando com a queda do Muro de Berlim em 1989 - já se vão quase 20 anos. E já durante o século XX muitos fatos mostraram que algo estava mudando:

- As condiçoes de saúde e alimentação melhoraram absurdamente
  • A expectativa de vida subiu muito, a morte de recém nascidos despencou, a maior parte das doenças tem cura, hoje se come mais, chegando-se ao cúmulo de "epidemia de obesidade:

- Os conflitos entre Estados não existem mais

  • Escaramuças locais persistem, mas a maior parte do globo vive em paz, a maior potência global, os EUA, nunca tiveram seu território realmente atacado, a Europa está em relativa paz há muito tempo. Os Estados são praticamente irrelevantes, o comércio dá as cartas, e nesse sentido, guerras não interessam à ninguém, é melhor negociar...

- A violência despencou. A força física já não conta mais.

  • O mundo se tornou um lugar menos perigoso. A maior prova disso é a liberdade das mulheres hoje em dia. Sendo fisicamente mais fracas por natureza, sempre dependeram de um homem para defendê-las, desde o tempo das cavernas. Hoje em dia diversas pessoas fracas fisicamente sobrevivem, fato inimaginável em qualquer época do passado.

- A tecnologia avançou em todos os campos.

  • Não existe mais o impossível de fazer, algumas coisas são muito caras, mas com dinheiro tudo é possível. É possível morar em qualquer lugar do planeta. Existem restaurantes sob o oceano. Dubai foi criada em uma área desértica. Com o google, voce sabe qualquer coisa de qualquer assunto rapidamente. Não há mais fronteiras.
Poderia continuar, mas a idéia básica seria essa. Os grandes desafios do mundo externo estão sob controle. Para a maior parte da população, garantir a própria sobrevivência se tornou relativamente fácil.

Não existe uma grande ameaça exterior, o que dá tempo para que o ser humano se volte para seu interior. É como a pirâmide de necessidades de Maslow, as básicas já foram satisfeitas, agora as pessoas querem algo mais...

Quer uma prova de que o ser humano tem tempo sobrando? Olhe as preocupações atuais:
- Aparência física - lipo, silicone, depilação masculina, botox
- Desenvolvimento - milhares de livros de auto-ajuda, terapias, cursos alternativos
- Sentido da vida - livros sobre isso, trabalho tem que ter significado, trabalho voluntário, viagens, ano sabático
- Novas sensações - vinhos, charutos, comida gourmet, café gourmet, spas, massagens
- Consumo- ter tudo melhor, casa, carro, roupas, TVs, geladeira, etc

Novamente, poderia continuar com outros exemplos. Mas pense nisso: uma pessoa de classe média hoje tem um nível de conforto muito maior que tinha um REI na Europa há 300 anos atrás. E REI só existe um né? Ou preciso explicar?

O que quer dizer que VOCÊ, que está lendo isso aqui, tem um nível de vida melhor que um REI de uma potência global tinha há 300 anos. E igual a VOCÊ meu amigo, tem uma porrada por aí....

Acho que nós vamos passar nossas vidas vendo gente perdida, nós mesmo talvez, procurando um significado que nos foi tirado, tendo que descobrir qual o sentido da vida, pois nosso antepassados tinham o deles bem claro - ERA CONSEGUIR SOBREVIVER....

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O Rio de Janeiro continua... uma bosta.

Nos bons tempos, eu não conhecia o Rio de Janeiro nem os cariocas. Via pela Televisão aquelas atrizes lindas, todo mundo sarado e bronzeado, aquela praia de águas verdes e ficava meio com vergonha de morar em outra parte do Brasil que Pensava que eram um povo cheio de marra, que se achavam os fodas, e queriam se dar bem passando a perna nos outros. Confesso que vez por outra me sentia um pouco acanhado de morar em outra parte do Brasil que não a Cidade Maravilhosa.

Fui ficando mais velho, mas experiente, mais espertinho. Conheci pessoas, viajei. Conheço uma parte grande do Brasil, confesso que alguns lugares fui apenas a trabalho, então visitei apenas meia dúzia de supermercados boca de porco, um hotelzinho corporate, e digo que "conheci a cidade".

Mas o Rio de Janeiro eu conheci de verdade. Passei semanas lá. Conheci um monte de boates, bares, praias. Fui no teatro, no cinema, andei nas ruas, falei com as pessoas. E sempre fui encafifado com cariocas. Nunca prestei muita atenção no que um carioca falava - A maioria das vezes, estava se gabando de ser carioca (e um cara que se gaba por morar no RJ ou 1- acredita no que diz, entao é um idiota, 2-não acredita, e é um mentiroso). Mas acima de tudo, sempre achei que carioca era mal caráter, e queria se dar bem às custas dos outros. Nunca tive provas, mas sempre achei que era assim.

Esse ano, eu e minha namorada resolvemos passar o carnaval no Rio de Janeiro. Ouvimos falar de um lugar que chama Arraial do Cabo, que é o paraíso na terra. Águas transparentes de um jeito que você do barco vê os peixes. E a sombra deles no chão. Sol e céu azul o ano inteiro. Só tinha um problema - não tinha nada para fazer a noite. Ouvindo isso, no dia 2 de janeiro fiz minha reserva para o carnaval.

Bão, fomos primeiro pra Buzios, passamos dois dias, para minha senhora conhecer. É bonitinho, gostoso, um pouco caro, mas dá para ir. Acho que o único caso que me incomodou lá foi um moleque alugando cadeiras de praia e guarda-sol por 15 pilas, mas até aí tudo bem - o cara oferece a parada, quem quiser que pague e alugue.

E o primeiro evento, besta, mas um indício. Pedi umas porcitas numa barraca de praia. Resultado, 42 reais. Fui lá, dei cinquentão pra tia, que mandou um moleque trocar. O moleque deu o troco para um pançudo, daqueles que fica na praia até a pele virar uma crosta. O cara me deu o troco, eu saí aindando e contando, e só tinham 7 paus. Contei de novo, 7 paus mesmo. Voltei no pançudo, e falei: "Por favor, faltou um real aqui, deve ter se enganado". O cara sem falar nada jogou um monte de moedas na minha mão. Virei as costas, fui embora contando denovo. Só 90 centavos, e ouvi a risadinha do rabugento atrás de mim. Eu parei, respirei fundo, sorri e fui embora.

Ok, cheguei em Arraial do Cabo. Tudo, com exceção do Fator Humano, correspondia a descrição. A cidade parece que passou por um holocausto. Caio, parecia aquele lugar para onde o Danilo mandou a gente no Carnaval. Nada tranquilo. Funk 24x7, no máximo volume. As pessoas eram horrendas, parecia a Praia Grande. Ficava ainda mais triste pelo fato das praias serem mesmo incríveis, vale muito a pena ir fora de temporada para lá. Depois mostro as fotos.

E lá aconteceram mais dois causos:

No primeiro, em mais uma barraca de praia, duas águas e um mate: oito mangos. Revi a conta. Para resumir, o cara tinha cobrado um mate a mais, pedi para arrumar, ele me deu o troco faltando cinquenta centavos, sem falar nada, só sorrindo aquele sorriso malandro.

Pousada: "Ah, sim senhor, nós cobramos o conteúdo do frigobar a partir do momento que ele é colocado. Como o senhor nos avisou que não houve consumo, vou abater para o senhor".

Os cariocas me roubaram 55 centavos. E com isso, ganhei de presente a transformação do meu preconceito em conceito. Todas as vezes que disser que um carioca não presta, que é malandro e vai tentar te roubar, estou falando por experiência. 100% das vezes que dei a chance para que isto acontecesse, aconteceu. Por 55 centavos.

Desafio no Bronx, alguém? http://www.youtube.com/watch?v=mNtld1Yt8Rk

PS: Este texto pode ser interpretado como preconceituoso. Se você acha isso, você é um idiota, porque a proposta do texto é justamente explicar que o PREconceito ficou para trás. A partir de agora, é conceito. Que me provem o contrário. Se mesmo assim você se sente ofendido: Life's tough. Se você é carioca: Eu também ficaria puto e reclamaria, mas no fundo saberia que as pessoas de minha cidade se comportam assim.

PS2:
Acho o seguinte do Rio:
. Segurança: Não comento.
. Trânsito: Igual o de SP. Sem tirar nem por.
. O estado está abandonado, falido.
. Vive do passado - Bossa Nova, Brigitte Bardot, Capital do Brasil.
. Produção cultural atual: Globo e Funk.
. Moradores: Intelectualóides overcríticos e improdutivos e "globais"

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O segundo também já era....

Acabei de ler o segundo livro indicado. "O que devo fazer da minha vida?"

O livro é bacana, tem umas coisas interessantes, agora to com mania de marcar no livro o que achei legal, olhei agora e esse também ficou cheio de marcas.

Faz todo o sentido que se busque algo que te dê significado na vida, e não simplesmente algo em que tenha prazer em trabalhar.

De todos os trampos bizarros do livro, acho que eu queria ser Orientador Vocacional. Fico me imaginando recebendo um jovem em busca de auxílio...

Caso 1
- Eh, então, eu não sei o que fazer da minha vida...
- Bem, do que você gostava quando criança?
- Ah, eu queria ser astronauta !
- Chegou tarde preibói, a NASA tá quebrada, tu vai ter que voar com os russos, vai encarar? A carreira é meteórica, mas em geral é curta.

Caso 2
- Então, eu quando criança queria ser miss universo...
- Essa é boa, você tem grana pra botar 200ml em cada melão? Porque aquele papo de 60-90-60 da Martha Rocha já era, a inflação aumentou essas medidas lá pro teto...tu vai ter que turbinar forte isso ái...
- Puxa, eu não sabia. É que eu sou de família humilde...
- Bem, ainda pode ter jeito. Quem sabe quando bater o desespero que a Dilma não vai ser eleita, o barbudo lança o bolsa-silicone, aí você realiza seu sonho...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Portões de Fogo - um já era....

Como disse, comprei 3 livros dos indicados. Já li um e estou na metade do outro.
O primeiro foi Portões de Fogo. Achei do caralho. Comecei e não conseguia parar. Conta a história de uma sociedade bem estruturada, em uma época diferente da nossa é claro, mas que da forma como mostrado no livro funcionava bem.
Nem é a parte da batalha que me interessou mais, mas sim os valores que aquele povo defendia. Esses valores permitiram a esses guerreiros segurar os persas que depois foram derrotados em outra batalha, que aliás é uma das mais famosas batalhas navais de todos os tempos.

Recentemente li um texto que diz que nós, os modernos, somos a "raça mais covarde que andou sobre a terra"...acho que concordo em grande parte...

No livro, o personagem narrador luta por uma cidade que não é a dele. Todos os 300 lutam por uma cidade e um conjunto de valores que eles vivem pra valer em Esparta.

Acho que é um avanço as pessoas não se disporem a matar uns aos outros atacando outro país. Mas e quando são atacados? Recentemente Israel atacou o Hamas após ser atingido durante anos por foguetes de fabricação caseira. E a opinião pública condena a reação exagerada. O que eles deviam fazer? Viver debaixo da terra pra escapar dos foguetes?

O que temos hoje? As pessoas estão lutando por alguma coisa? Além de dinheiro e fama?
Não precisamos mais lutar por nada? Vivemos em uma sociedade bem ajustada, onde não é necessária essa luta?

Eu acho que a luta é diária, exaustiva, incessante. É hoje. É agora.

Temos que nos defender, e esse blog foi criado nesse espírito, de luta.

Cada passo que você recuar, esteja certo que tem alguém dando um passo à frente. - dessa frase eu gostei....

Eu já decidi. Entre eu e o outro, eu sou mais eu. E que se dane a opinião pública. Sabe por quê?

Porque eu já estive lá embaixo. Eu já fui detonado. E naquela hora, sabe o que fizeram por mim?

Nada.

Você tem um companheiro para segurar o escudo ao seu lado quando te atacarem ?